Coexistir entre imagens no filme ‘Eleições’


O documentário Eleições (2018), dirigido por Alice Riff, é o escolhido para a sessão do mês de junho do Cineclube Pedagogias da Imagem, da Faculdade de Educação da UFRJ. Lançado em 2018, ano eleitoral tão marcante historicamente para o país, é também o ano em que a diretora documenta o dia a dia dos alunos da Escola Estadual Doutor Alarico da Silveira no centro de São Paulo  e as eleições do grêmio estudantil.  

Ao longo do documentário, as dúvidas sobre o futuro, que apresenta tantas possibilidades e, ao mesmo tempo, é tão incerto, surgem entre os alunos. Se preparar para o ENEM, começar a traçar um plano para uma carreira profissional, que muitas vezes pode não atender aos interesses pessoais dos alunos, são decisões importantes que precisam ser tomadas tão cedo. É nesse clima que os jovens do documentário começam a compreender a importância de uma atitude política ativa. 

Alice Riff constrói o documentário de forma em que os alunos estão envolvidos diretamente na produção, aproximando o espectador daquele cotidiano. Assim, ouvimos as propostas das chapas, percebemos o envolvimento crescente dos alunos, assim como a responsabilidade para o objetivo final de possibilitar uma escola diversificada, que reflita sobre seu corpo estudantil em todas as suas pluralidades. 

As quatro chapas são compostas por alunos que se distinguem, com objetivos diversos e posicionamentos consistentes que amadurecem durante a campanha eleitoral escolar. Os espectadores são atravessados por suas próprias memórias e experiências durante o ensino médio, e são convidados a sentir a ansiedade durante a votação e revelação da chapa vencedora, vibrando, ao final, junto com a chapa vencedora, sentindo-se novamente na escola. 

O documentário está disponível gratuitamente na plataforma Itaú Cultural Play e o cine Pedagogias da Imagem convida a todos para a sessão no dia 28 de junho, que irá desdobrar os pontos que o filme traz de forma tão espontânea, com a participação do convidado Wenceslao Machado de Oliveira Junior (FE/Unicamp), apresentando a fala ‘Um fime na escola, vários cinemas da escola’. Wenceslao vai propor um diálogo com o filme a partir dos encontros entre cinema e escola. Que escolas emergem desses encontros com o cinema? Que cinemas (e filmes) emergem destas experiências?

Redação:
Stella Feitosa (Extensionista do projeto Pedagogias da Imagem)

Sonho e revolução em Glauber Rocha: um devir estético-político latino-americano – Sessão de Maio/22

No último dia 31 de maio, o Cineclube Pedagogias da Imagem, da Faculdade de Educação da UFRJ, promoveu um encontro sobre Deus e o diabo na terra do sol (1964), filme clássico de Glauber Rocha. Para falar sobre o filme, o cineclube convidou Pablo Zunino, doutor em Filosofia pela USP e professor da UFRB. O encontro, intitulado como “Sonho e revolução em Glauber Rocha: um devir estético-político latino-americano”, teve como cerne a intersecção entre a filosofia e o cinema.

O filme é um dos marcos do cinema brasileiro. Glauber Rocha, seu realizador, foi um dos pioneiros do movimento Cinema Novo, corrente que se aproxima nouvelle vague francesa. Glauber obteve reconhecimento internacional por esse filme, sendo indicado à Palma de Ouro no Festival de Cannes. Pablo Zunino, convidado do cineclube, faz uma abordagem da estética de Glauber Rocha e, mais enfaticamente, do filme supramencionado, a partir da filosofia de Gilles Deleuze.

Zunino trata de alguns temas centrais do que ele intitulou como devir estético-político latino-americano. A mistura desses dois termos (“devir” e “estético-político”) remete, primeiramente, ao conceito de devir, de Deleuze; por outro lado, remete às noções centrais de estética da fome, da violência e do sonho, presentes nas obras e nos filmes de Glauber Rocha. O background histórico que permeia essas noções é certamente o da luta política na América Latina, desde a década de 60, como ressalta o professor; nesse sentido, são exemplares as manifestações de maio de 68 que se estenderam ao chamado Terceiro Mundo. O cinema de Glauber Rocha faz parte desse grande movimento de transformação da vida social a partir da produção filmográfica com forte cunho político.

As reflexões do professor partem dos dois livros de Deleuze que tratam especificamente do cinema, A imagem-movimento e A imagem-tempo. Zunino ressalta a ideia, a partir de Deleuze e Glauber Rocha, da possibilidade de se conceber o cinema, a ideia cinematográfica, como geradora de transformações políticas. Após explicar brevemente a passagem do cinema clássico ao cinema moderno, crucial para o pensamento deleuzeano sobre o cinema, Zunino fala um pouco sobre outros filmes importantes de Glauber, como Barravento (1962), Terra em transe (1967) e O dragão da maldade contra o santo guerreiro (1969), este uma espécie de continuação do filme privilegiado na conversa.

Para concluir a conversa, Zunino retoma a questão, importante para Deleuze, do povo que falta. Para Zunino, o povo falta e ao mesmo tempo não falta, já que o povo está vivo e presente, embora falte metaforicamente. Para dar o tom de seu argumento, menciona uma frase de Glauber Rocha que diz: “A América Latina permanece colônia e o que diferencia o colonialismo de ontem do atual é apenas a forma mais aprimorada do colonizador”. Nesse sentido, o povo não pode plenamente existir, porque está sempre sendo colonizado de formas cada vez mais elaboradas.

A sessão do mês de junho do Cineclube ocorrerá na terça-feira, dia 28, abordando o filme Eleições (2018), de Alice Riff.

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Redação: Gabriel Cabral (Extensionista do projeto Pedagogias da Imagem)

Será que existe almoço grátis?

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Na próxima terça-feira, 21/08, a Matinê Pedagogias da Imagem encerra a itinerância UFRJ da Mostra Ecofalante com a exibição de mais dois filmes (um curta-metragem e um longa-metragem).

Serão exibidos os filmes Imigrantes digitais (Digital immigrants – Suíça, 2016), de Norbert Kottmann & Dennis Stauffer e o longa-metragem Sociedade do almoço grátis (Free Lunch Society – Alemanha, 2017), de Christian Tod.

Já imaginou viver em um mundo no qual o trabalho não tivesse um papel central na organização das nossas vidas? O longa, através de entrevistas com especialistas e figuras-chave de diversas escolas de pensamento, explora a ideia, antes utópica, de uma renda básica fixa e garantida.

O filme do diretor Christian Tod participou do festival CPH:DOX, da Dinamarca, e integra a seleção sobre Trabalho no Panorama Internacional Contemporâneo da Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental.

Para conversar com o público após a exibição, teremos a alegria e a honra de receber José Ricardo Ramalho, professor titular do Departamento de Sociologia e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia da UFRJ. Doutor em Ciências Sociais pela USP, com pós-doutorados em Londres e Manchester, no Reino Unido, seu foco de atuação de longa data é a área da Sociologia do Trabalho.

Venham e divulguem! Acesse aqui o link para o evento no Facebook. A sessão está aberta também para receber professores com seus estudantes. Se quiser reservar vagas para sua turma, é só entrar em contato conosco pelo email: pedagogiasdaimagem@gmail.com

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Matinê e debate com Sílvio Tendler na UFRJ

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O cineclube da Faculdade de Educação segue com as sessões semanais da itinerância UFRJ da Mostra Ecofalante. A próxima sessão da Matinê Pedagogias da Imagem acontece no dia 14/8, às 10h, no auditório Manoel Maurício/CFCH, campus da Praia Vermelha da UFRJ.

Exibiremos o filme Dedo na ferida (Brasil, 2017), o novo documentário de Sílvio Tendler, e teremos a alegria e a honra de contar com a presença do diretor para um debate com o público. Sílvio conta com uma vasta filmografia na qual se destacam os documentários Os anos JK (1980), Jango (1984), Glauber o filme, labirinto do Brasil (2003) e mais recentemente Utopia e barbárie (2009).

Dedo na ferida foi o grande vencedor do Festival do Rio no ano passado. Ele aborda os impasses da lógica do capital financeiro para o estado de bem-estar social, especialmente os contrastes ligados à concentração de riquezas, reunindo artistas, cientistas e intelectuais, como David Harvey e Costa Gavras, para pensar os dilemas do mundo contemporâneo, assim como formas possíveis de transformação e resistência.

Antes do filme de Sílvio Tendler, será exibido também o curta-metragem Corp (Argentina, 2016), de Pedro Polledri.

Além do público geral, reforçamos o convite também a professores da educação básica e superior que quiserem trazer suas turmas (estudantes a partir de 14 anos), e estamos reunindo os agendamentos destes grupos por email.

A entrada é franca.

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UFRJ recebe a Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental

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O projeto Pedagogias da Imagem – cineclube da Faculdade de Educação da UFRJ –  inaugura nesta semana a sua Matinê, recebendo a Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental. Teremos três sessões semanais, às terças-feiras pela manhã, com a exibição de um curta-metragem e um longa-metragem seguida de conversa com algum convidado especial.

A programação inclui filmes que não apenas provocam o pensamento sobre o ambiente, mas instauram por si mesmos ambiências e modos imagéticos de pensar/habitar o mundo. As conversas após a exibição procuram distender os temas e favorecer a circulação de ideias em contato com o público.

Além do público geral, fazemos um convite especial também a professores da educação básica e superior que quiserem trazer suas turmas (estudantes a partir de 14 anos). Basta entrar em contato conosco para agendar e reservar os lugares. através do email: pedagogiasdaimagem@gmail.com

Vejam abaixo a programação e anotem na agenda.

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Mulher, ativista e pensadora das cidades

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Você já ouviu falar em Jane Jacobs? Ela será o foco do filme que o cineclube da Faculdade de Educação da UFRJ, na inauguração da Matinê Pedagogias da Imagem, exibirá na próxima terça-feira, dia 7/8, às 10h, no auditório Manoel Maurício/CFCH, campus Praia Vermelha. Jane foi uma ativista norte-americana envolvida em uma série de lutas de meados do século XX, em Nova York, contra o brutal processo de modificação da cidade.

Em 1960, seu livro Morte e Vida das Grandes Cidades chocou o mundo da arquitetura e do planejamento urbano ao explorar as consequências da reconfiguração das cidades por arquitetos e planejadores.

O recente filme Cidadã Jane: a luta pela cidade (Citizen Jane: battle for the city – E.U.A., 2016), de Matt Tyrnauer em cartaz nesta nossa abertura da itinerância da Mostra Ecofalante, lança um olhar sobre o legado desta pensadora e examina problemas das cidades atuais a partir de sua obra. O filme participou do IDFA (Festival Internacional de Documentário de Amsterdam) e também do Festival de Toronto.

Para conversar com o público após a sessão, teremos a alegria e a honra de contar com a presença de Tamara Egler, arquiteta, doutora em Sociologia, pesquisadora e professora do IPPUR/UFRJ, onde coordena o Laboratório Estado, Sociedade, Tecnologia e Espaço.

Venham e divulguem! A sessão está aberta também para receber professores com seus estudantes. Se quiser reservar vagas para sua turma, é só entrar em contato conosco pelo email: pedagogiasdaimagem@gmail.com

 

Matinê Pedagogias da Imagem com a Mostra Ecofalante

Para quais experiências o cinema nos convoca? Tendo em vista que são diversas as produções audiovisuais capazes de nos afetar atualmente, também são múltiplos os modos pelos quais as imagens nos forçam a pensar. Por isso, vamos multiplicar nossas sessões para ampliarmos nossas linhas de atuação e dar conta de diferentes linguagens, formatos, temas e debates que cada vez mais nos interpelam. O Pedagogias da Imagem – cineclube da Faculdade de Educação da UFRJ – inaugura, a partir do mês de agosto, uma nova modalidade de sessão que vem a se juntar às tradicionais sessões mensais.

Vamos dar início à Matinê Pedagogias da Imagem, com exibição de filmes seguidas de debate que acontecerão pelas manhãs, no auditório Manoel Maurício do CFCH. A ideia do projeto das matinês surgiu com o objetivo de ocupar horários alternativos com as sessões, ofertando a possibilidade de participação para escolas e turmas de ensino médio, profissionais da educação básica e superior, pessoas ligadas ao campo do audiovisual em geral, além do público espontâneo.

Deste modo, além de um estreitamento de possíveis parcerias com a educação básica, a Matinê Pedagogias da Imagem busca intensificar a dinâmica cultural do campus da Praia Vermelha, não apenas restrito a atividades acadêmicas, mas de portas abertas à sociedade, estimulando a circulação de diferentes públicos em suas atividades. Ao longo do mês de agosto, teremos sessões semanais abertas a qualquer participante interessado, como de costume. Além disso, enfatizamos o convite à participação de turmas da educação básica (a partir de 14 anos), com agendamento prévio a partir do email pedagogiasdaimagem@gmail.com .

Para as sessões inaugurais da Matinê Pedagogias da Imagem, apresentaremos filmes e debates em parceria com a Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental, sendo o cineclube o local onde acontecerá a itinerância desta mostra na UFRJ. A Ecofalante, maior mostra de cinema socioambiental da América do Sul, já passou por São Paulo e neste mês de agosto desembarca no Rio, Niterói e Brasília.

Já na semana que vem, em nossa primeira sessão, exibiremos o curta Às margens e o longa-metragem Cidadã Jane: a luta pela cidade . Teremos a alegria de contar com a presença da arquiteta e professora Tamara Egler para conversar com o público após a sessão. Tamara é mestre em planejamento urbano e regional, doutora em sociologia, professora do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da UFRJ (IPPUR/UFRJ) e coordenadora do Laboratório Estado, Sociedade, Tecnologia e Espaço.

As sessões acontecerão sempre às terças-feiras, às 10h, no auditório Manoel Maurício/CFCH. A entrada é franca.

Veja abaixo a programação completa da mostra na UFRJ e programe-se!

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Início de temporada com Carlos Medeiros

O cineclube Pedagogias da Imagem iniciou o ano de 2018 com a exibição do filme Menino 23 (Brasil, 2016), de Belisário Franca, em sessão inserida na campanha 21 dias de ativismo contra o racismo, e com o apoio da Videocamp.

O impacto da pesquisa que une trabalho teórico e documental, levada a cabo no filme, estabeleceu ressonâncias com a conversa proposta para esta sessão de abertura, com o convidado Carlos Medeiros, intitulada Entre olhares cruzados: Brasil, Estados Unidos e a questão racial. Carlos é graduado em Comunicação e Editoração pela UFRJ, mestre em Ciência Jurídicas e Sociais pela UFF, doutorando em História Comparada na UFRJ. Autor do livro ‘Na lei e na raça’ e coautor, com Jaques D’Adesky e Edson Borges, do livro ‘Racismo, preconceito e intolerância’.

O vídeo para a palestra pode ser visto abaixo, no canal do YouTube do Secult/FE-UFRJ.

 

 

 

 

 

Um ano de cineclube hoje

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Hoje é o aniversário de um ano do Cineclube Pedagogias da Imagem, da Faculdade de Educação da UFRJ. Naquele 7 de março de 2017, as luzes do auditório da CPM/ECO se apagavam para dar lugar à primeira projeção de nossa história, que remonta à tradição cineclubista do Educação em Tela e do Ciência em Foco. O primeiro filme a ser exibido foi Educação (Brasil, 2016), de Cezar Migliorin e Isaac Pipano.

Obra sempre em processo e resultado de múltiplos encontros dos realizadores com as imagens, Educação foi exibido em corte ainda inédito até então. Quem conversou com o público após a exibição foi um dos realizadores, Cezar Migliorin, que é doutor em Comunicação e Cultura pela UFRJ/Sorbonne-Nouvelle, Paris e Professor do Departamento de Cinema e Vídeo da Universidade Federal Fluminense.

Na medida em que as imagens nos convocam a pensar sobre educação e política por meio de recortes de fontes as mais variadas – sem um fio condutor além das rimas/rupturas semânticas -, o público pôde vivenciar e delinear diferentes leituras do filme, compartilhadas e intensificadas no momento da palestra e do debate. Logo, a programação desta tarde/noite inaugural reverberou a própria proposta do cineclube, ancorada na ideia de uma pedagogia da imagem, colocada em movimento por cada filme, por cada realizador, capaz de nos transformar à medida que nos mostra novas formas de ver e ouvir, novas formas de pensar, de existir e resistir.

Que venham muitos anos produtivos e intensos para o cineclube Pedagogias da Imagem!

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Retrospectiva 2017 – O que a imagem nos dá a pensar?

Em 2017 foi inaugurado o projeto Pedagogias da Imagem, o cineclube da Faculdade de Educação da UFRJ. Privilegiando a relação entre cinema e pensamento, o cineclube aposta no potencial transformador das imagens, naquilo que escapa à mera informação e nos faz perceber formas diversas de nos afetarmos com e pelos filmes.

Enquanto planejamos a programação de 2018, fevereiro será o mês da retrospectiva, com postagens referentes às sessões do ano passado. Este trailer-retrospectiva é uma pequena forma de rememorar (e multiplicar) as experiências vivenciadas pelas imagens em movimento em nossas sessões.